A Intervenção Territorial Integrada de Castro Verde é uma ação que enquadra diferentes apoios  agroambientais e silvoambientais que contribuem para a preservação das aves estepárias e da biodiversidade associada aos sistemas arvenses de sequeiro da Zona de Proteção Especial de Castro Verde.

A região de Castro Verde localiza-se no coração do denominado “Campo Branco”, nas extensas planícies do Sul de Portugal, no Baixo Alentejo.
Na região pratica-se uma agricultura extensiva, baseada no cultivo tradicional de cereais de sequeiro em rotação com pousios para manutenção da fertilidade do solo e que funcionam como pastagens extensivas. A paisagem destas planícies quase desarborizadas assemelha-se às estepes e pradarias.
A região de Castro Verde é extremamente importante para preservação da biodiversidade, sobretudo avifauna dependente da estepe cerealífera, encontrando-se algumas destas espécies ameaçadas de extinção a nível nacional e europeu, como é o caso da Abetarda (Otis tarda), o Sisão (Tetrax tetrax) e o Peneireiro-das-torres (Falco naumanni).
A importância destas populações de aves ameaçadas associadas ao sistema agrícola extensivo levou à inclusão da região na Rede Natura 2000 como uma Zona de Protecção Especial (ZPE), com uma área total de 85.345 ha.
O reconhecimento das características únicas desta região levou à criação, em 1995, de uma medida agro-ambiental territorializada, específica para a região, adaptada aos sistemas de agricultura existentes no local com o objectivo de conciliar a actividade agrícola com a protecção de espécies em perigo de extinção - O Plano Zonal de Castro Verde (PZCV).
A Intervenção Territorial Integrada de Castro Verde (com início em 2007) dá continuidade ao PZCV, associando apoios de natureza agro-ambiental (medida 214) e silvo-ambiental (medida 225) e incentivo a investimentos não produtivos (medidas 216 e 227), necessários para a conservação das aves estepárias e a manutenção da actividade agro-pecuária extensiva.

Preservação das aves estepárias e da biodiversidade associada aos sistemas arvenses de sequeiro da ZPE de Castro Verde.

As explorações agrícolas podem beneficiar de apoios agro-ambientais, apoios silvo- ambientais, ou dos dois tipos de apoio, consoante a ocupação das respectivas áreas e a verificação dos critérios de elegibilidade.
Apoios Agro-Ambientais:
Manutenção da rotação de sequeiro cereal-pousio;
Sementeira directa (como medida complementar da medida anterior):
Apoios Silvo-Ambientais:
Renaturalização de montados de azinho;
Manutenção de maciços, bosquetes ou núcleos de espécies arbóreas ou arbustivas autóctones e de exemplares e formações reliquiais ou notáveis;
Manutenção de galerias ripícolas;
Conservação rede de corredores ecológicos;

Os aderentes aos apoios agro e silvo ambientais podem ainda aderir aos Investimentos Não Produtivos ajustados às especificidades do território e das espécies de aves que se pretende conservar: estruturas de protecção, pontos de água, instalação de bosquetes para sombra; adensamento e/ou substituição de espécies alvo, paredes e estruturas de nidificação.
Podem beneficiar destes apoios os produtores que, de forma voluntária, se comprometam, a respeitar os compromissos de natureza agro -ambiental ou silvo -ambiental, durante um período de cinco anos.
Como a maior proporção deste território corresponde a terras agrícolas, a medida agro-ambiental de manutenção da rotação de sequeiro cereal-pousio é a que assume uma maior dominância.
Em 2009, foram apoiados 97 benefiários na componente agro-ambiental desta ITI, numa superfície de 16.891 ha e com valor de apoio de 717 mil euros.
A dinamização, o apoio técnico e a monitorização da  ITI são  realizados pela Estrutura Local de Apoio (ELA), estrutura técnica constituída por representantes da administração regional da agricultura, da floresta e do ambiente, uma organização não governamental de ambiente e uma organização local de produtores agrícolas

Os resultados que se pretendem com a ITI de Castro Verde são:

• aumentar o n.º de aderentes e a área de compromisso, sobretudo na medida da rotação cereal-pousio, que permita assegurar o estado de conservação favorável das aves estepárias a longo prazo;
• aumentar as populações de aves estepárias identifcadas como bioindicadores;
• preservar estes sistemas agrícolas e também silvícolas de elevado valor natural;
• contibuir indirectamente para: a preservação da qualidade da água, o combate às alterações climáticas, a conservação do solo, o comabte à marginalização e abandono das terras e ao despovoamento.

Factores que influenciam a boa execução da medida:

• o desenho da medida está ajustado ao território e aos valores a preservar;
• a iniciativa nasceu de uma forte parceria de actores locais, conhecedores do território em termos ambientais e agrícolas;
• estes actores têm uma presença quotidiada no território, facilitando o contacto com os agricultores, tanto na disseminação das boas práticas como na auscultação das dificuldades sentidas na implementação das medidas e a pesquisa de soluções alternativas, que são testadas para posterior implementação;
• estabeleceram-se laços de confiança e proximidade entre os beneficiários e a Estrutura Local de Apoio, o que contribui activamente para a implementação da medida;
• o nível de adesão depende igualmente do valor das ajudas que devem compensar adequadamente os agricultores pelos custos associados aos compromissos assumidos.