O mundo rural está actualmente numa fase de transição (conforme se comprovou num estudo anterior da equipa ISA/ANIMAR/INIAP, em 2005). O espaço rural está hoje largamente dissociado da agricultura e da floresta. Mesmo nas zonas rurais onde a agricultura e a floresta têm maior importância, o peso destas actividades no trabalho, na criação de riqueza e nos rendimentos dos residentes, não ultrapassa a quinta parte. Esta realidade é também válida para outras actividades territoriais como a hotelaria e restauração, as indústrias extractivas e energia (por exemplo, parques eólicos e centrais fotovoltaicas) e actividades de recreio e lazer. Por outro lado, existe uma diversidades de espaços rurais, dependentes da densidade populacional e do peso de cada um dos sectores económicos existentes mas também de outros factores como o grau de mercantilização da actividade económica e do capital social local e regional. Os sistemas agrários desempenham hoje outras funções de relevo para além da produção de bens agrícolas e florestais. Estes estão fortemente associados à conservação da natureza (em cerca de 90% da área coberta pela Rede Natura) e à produção de serviços ambientais (por exemplo, sequestro de carbono, polinização, biodiversidade). Por último, mas não menos importante, a migração para centros urbanos, com o contínuo abandono dos povoados rurais promove a desestruturação social e territorial e a entrada num ciclo pernicioso de  desmantelamento de equipamentos sociais (escolas, postos de saúde,…), falta de condições para a população residente e consequente migração.

Esta dinâmica de mudança, de coexistência de várias funções associadas às actividades agrícolas e florestais e a interdependência destas com outras actividades económicas e com as condições de vida da população rural impõe um conhecimento mais profundo e assertivo do mundo rural. A presente operação pretende contribuir para a observação do mundo rural e a sua articulação com as políticas de desenvolvimento rural, procurando:

•           Acompanhar a evolução do mundo rural no que concerne às suas características sócio-económicas, tendo em consideração a diversidade dos territórios rurais;

•           Identificar os principais constrangimentos ao desenvolvimento nos espaços rurais e procurar identificar vias de desenvolvimento, envolvendo os agentes locais;

•           Analisar os efeitos das políticas de desenvolvimento rural na sustentabilidade dos territórios e a sua articulação com outros instrumentos de política

Os objectivos específicos do estudo são:

•           Contribuir para a avaliação do PEN-DR e dos seus instrumentos programáticos, nomeadamente o PRODER e o PRRN, e para fundamentar as iniciativas/acções dos agentes territoriais.

•           Aprofundar o conhecimento sobre as características sócioeconómicas e as grandes mudanças nos espaços rurais, tendo em consideração os principais tipos do rural.

•           Evidenciar as dinâmicas locais em várias temáticas (relacionadas com os objectivos do PEN-DR) e a sua relação com as dinâmicas de desenvolvimento regional onde estes espaços se enquadram.

•           Contribuir para uma reflexão sobre o modelo de governação que assegure a articulação eficaz entre o desenvolvimento local e as políticas de desenvolvimento rural a nível territorial.